sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
domingo, 11 de novembro de 2012
A NOITE...É A NOITE!
Moysés
Amaro Dalva
A noite...é a noite!
Em vão poluída,
Sem luas de bronze,
Sem flores fanadas,
Sem perfumes sutis,
Sem beijos, sem cor...
Sem sonhos devassos
Ou sonhos de amor,
A noite, é a noite!...
Perdida em desditas,
Em mil sofrimentos,
Em tristes lamentos,
Nos uivos dos ventos,
Nas vozes perdidas
Clamando vinditas,
Em seus descaminhos
Sem Deus e sem fé,
A noite...é a noite!...
Não perde a poesia,
Não perde a ternura,
Não prende os boêmios,
Não coloca em cadeia
As sexi-apples,
Não perde a ilusão.
A noite...é a noite!
quarta-feira, 18 de julho de 2012
SE...
Rudyard KiSE...
Rudyard Kippling - versão livre de Felix Bermuda
Se podes conservar o teu bom senso e a calma,
Num mundo a delirar, pra quem o louco és tu;
Se podes crer em ti com toda a força d’alma
Quando ninguém te crê. Se vais faminto e nu
Trilhando sem revolta um rumo solitário;
Se à torva intolerância, a negra incompreensão
Tu podes responder, subindo o teu calvário
Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão...
Se podes dizer bem de quem te calunia,
Se dás ternura em troca aos que te dão rancor,
Mas sem a afetação de um santo que oficia,
Nem pretensões de sábio a dar lições de amor...
Se podes esperar, sem fatigar a esp’rança,
Sonhar... Mas conservar-te acima do teu sonho,
Fazer do Pensamento um Arco d’Aliança
Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho...
Se podes encarar com indiferença igual
Triunfo e a derrota... Eternos Impostores!
Se podes ver o Bem oculto em todo o Mal,
E resignar -sorrindo- o Amor dos teus amores...
Se podes resistir à raiva ou à Vergonha
De ver envenenar as frases que disseste
E que um velhaco emprega, eivadas de peçonha
Com falsas intenções que tu jamais lhes deste...
Se podes arriscar todos os teus haveres
Num lance corajoso, alheio ao resultado,
E calando em ti mesmo a mágoa de perderes
Voltas a palmilhar todo o caminho andado...
Se podes ver por terra as obras que fizeste,
Vaiadas por malsins, desorientando o povo;
E sem dizer palavras... E sem um termo agreste
Voltares ao princípio, a construir de novo...
Se podes obrigar o coração e os músculos
A renovar o esforço, a muito vacilante,
Quando já no teu corpo, afogado em crepúsculo
Só existe a vontade a comandar: “Avante!”
Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre,
Ou vivendo entre os reis, conservas a humildade;
Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre
São iguais para ti, à luz da Eternidade...
Se quem conta contigo encontra mais que a conta...
Se podes empregar os sessenta segundos
De um minuto que passa em obra de tal monta
Que o minuto se espalhe em séculos fecundos...
Então, ó Ser Sublime, o mundo inteiro é teu!
Já dominaste os Reis, os Tempos e os Espaços,
Mas inda para além um novo Sol rompeu
Abrindo o Infinito ao rumo dos teus passos!
Pairando numa esfera acima desses planos,
Sem recear jamais que os erros te retomem,
Quando já não houver em ti que seja Humano,
Alegra-te, meu filho, então serás um Homem!
Arquivo Amaro Castro Corvo
São Paulo, l6 de maio de 1964
São Paulo, l6 de maio de 1964
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