sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Barcos de papel
Guilherme de Almeida
 
Quando a chuva cessava e um vento frio
Franzia a tarde tímida e lavada,
Eu saía a brincar pela calçada
Nos meus tempos felizes de menino
 
Fazia de papel toda uma armada
E, estendendo meu braço pequenino
Eu soltava os barquinhos sem destino,
ao longo das sarjetas, na enxurrada...
 
Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
Que não são barcos de ouro meus ideais
Que são feitos de papel,tal como aqueles
 
Perfeitamente, exatamente iguais...
Que os meus barquinhos, lá se foram eles!
Foram-se embora e não voltaram mais!